segunda-feira, março 03, 2008

Cabo Verde: descobrindo a terrinha...


Estive em Cabo Verde para uma missão de formação de professores para Educação a Distância. Experiência inesquecível que quero compartilhar com vocês.
Cabo Verde é um arquipélago formado por 10 ilhas, destas 9 habitadas e mais 8 ilhéus, localizado na costa do continente Africano. O país possui uma extensão territorial de 4033Km2.
Como o Brasil, Cabo Verde também foi colonizado pelos portugueses. Entretanto, diferentemente do nosso país, o arquipélago africano conseguiu sua independência republicana apenas em 1975 e sua relação com o ex-colonizador ainda é bastante estreita.
A língua mãe (Criolo) não é ensinada nas escolas, mas resiste bravamente à língua portuguesa. Esta sim, língua ensinada nas escolas cabo-verdeanas. O cidadão cabo-verdeano fala criolo em todas as situações chamadas ‘não-formais’, mas toda a linguagem escrita e a falada nas situações sociais ‘formais’ é a língua portuguesa. Além da forte presença de portugueses nas ilhas, sua capital, a ilha da Praia, é lotada de estrangeiros. Não se anda pelo Platêau (parte plana da cidade) sem encontrar pelo menos duas lojas de proprietários chineses em cada rua. O mais difícil é achar locais que comercializem produtos nacionais. Quase tudo é importado em Cabo Verde, inclusive a maior parte da programação televisiva. A cidade parece estar em construção. Além dos vários prédios em construções em todos os lugares da ilha, propagandas de imobiliárias e construtoras pululam nas propagandas de out-door, jornais, revistas e televisão. Chineses, americanos, europeus invadem o país em busca de oportunidades que não se sabe se estão disponíveis também para os nativos.
As ruas estão sempre cheias. As pessoas alegres, bonitas e receptivas, muito parecidas com os brasileiros, lotam as ruas estreitas. Também há muito carros, novos e caros, demonstrando a grande efervescência econômica da região. As crianças são as que mais chamam atenção, com seus uniformes cinzas estão sempre a entrar ou sair das escolas. Cabo Verde aderiu ao Tratado de Jomtien e implementou uma reforma do Ensino Básico, passando-o de 4 para 6 anos, tornando o seu acesso universal. Com isso, o Ensino Secundário passou a sofrer uma enorme pressão, tendo de ampliar sua infra-estrutura e quadro docente, a ponto de recorrer à um projeto de cooperação com Portugal para o envio de docentes que suprissem as necessidades decorrentes dessa pressão.
Sendo assim, o ingresso no Ensino Superior também está a demandar ampliação. Diante disso, e por ser um arquipélago, a Educação a Distância é uma saída excelente e menos cara para a democratização do Ensino Superior nas diversas ilhas do país.
Os professores, então, do Instituto Superior de Ensino (ISE), estão empolgados e acolhem a idéia da EAD com naturalidade, mas não sem um pouco do preconceito natural de quem ainda não detém de todas as informações sobre a EAD na contemporaneidade. Mas, assim que se discute e se ampliam as informações sobre as possibilidades pedagógicas desta modalidade de ensino, o compromisso e a vontade de ampliar as condições sociais e educacionais de seu povo são mais fortes que os preconceitos, que passam a ser substituídos por conceitos mais substancialmente apropriados e adequados à realidade daquele país e da sociedade como um todo.
Apesar de não ter tido tempo para conhecer a cidade, mas, conhecer as pessoas que conviveram comigo nesta semana foi uma experiência inesquecível, tanto para minha experiência profissional como pessoal.

Um comentário:

  1. Dora,
    por acaso fazendo minhas pesquisas encontrei teu depoimento que me deixou muito emocionada.
    Parabéns e continue assim.
    Cacilda.

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