
É interessante como, muitas vezes, esquecemos da escola real e de como ela é!
Ficamos falando em Tecnologias da Informação e Comunicação, de cibercultura, ciberespaço, Educação a distância, plataformas virtuais, m-learning e pensamos que o nosso público-alvo são todos os cidadãos em condições de educação. Bom, acho que nosso público é limitado, e BEM limitado.
Várias vezes, falando de como podemos usar essas tecnologias na escola para alunos/as de Pedagogia que já enfrentam o dia-a-dia das escolas públicas eu penso em como ainda estamos longe de uma sociedade digital ou de uma cibercidadania!
E isso não é culpa dos professores que estão na escola. Os artigos geralmente indicam que os professores não se atualizam, que ainda estão na era do 'ditar-falar', que ainda trabalham conteúdos distantes da realidade dos alunos!
E eu penso: os professores até que se atualizam, mas, geralmente, não possuem o recurso adequado e com manutenção na escola. O que fazer se o laboratório de informática ou o vídeo/TV da escola estão sucateados, quebrados e sem nenhuma possibilidade de conserto? Como trabalhar criatividade, imaginação, em salas escuras, quentes, fechadas, sujas e pequenas? Como adequar uma prática progressista a um currículo engessado e antiquado? Será que as realidades de muitos de nossos alunos (de violência, miséria, fome, abandono) são mesmo interessantes para trazermos para a sala de aula? E o que falar das 'equipes pedagógicas' que nos orientam a 'empurrar com a barriga', 'ir levando', 'gritar mais alto que os alunos', 'deixar de castigo', 'proibir recreio, passeio...'
Acho até que nossos alunos/professores já fazem milagre nas escolas. Vejo experiências exitosas que são verdadeiras obras de arte diante de um quadro de verdadeira barbarie na escola fundamental.
E então, eu que antes me sentia mais próxima de uma realidade mais adequada ao que eu considero como um momento de transição entre uma educação de péssima qualidade e uma de melhor qualidade, me sinto mais longe ainda... Aquela luz que eu via no fim do túnel vai ficando mais difusa e embaçada...
Mas, vamos lá, não estou negando avanços, nem fraquejando! Apenas voltando à superfície para buscar mais força nos olhares questionadores e em conflito da realidade.
Respirar fundo... Mergulhar de novo!